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Muitas mulheres sofrem de enxaqueca e não encontram a cura, algumas nem o remédio que passe a dor. Na verdade, mal sabem elas que as crises de enxaqueca estão diretamente relacionadas com a sexualidade.
Resolvi estudar a fundo quando comecei a ter crises muito intensas de enxaqueca, duravam três dias com muita dor, tonturas, tremor no corpo, vômitos eparanoia. Algumas vezes, tive que recorrer ao hospital para tomar doses altas de antiinflamatórios, antihistamínicos, antipiréticos e analgésicos. Já fazia terapia Bioenergética na época e sabia que toda doença tem algum fundo emocional. A princípio, pensei que fosse sentimento de raiva ou dor reprimido porque na maioria das vezes, quando um paciente meu está com dores de cabeça e expressa raiva de alguma situação ou chora, a dor passa na hora, sem necessidade de nenhum medicamento. E para quem tem dores de cabeça, dificilmente sabe o que é que lhe importuna, expressando vem a consciência. E já desde a minha infância eu tinha crises de dor de cabeça. Era muito tímida e calma na época dos meus 9 anos, e essa introversão mantinha meus sentimentos todos reprimidos e guardados, me sentia muito tolhida e não queria de forma alguma dar qualquer trabalho para meus pais, que tinham a vida bem turbulenta. Com esta conclusão de que expressar a raiva ou dor curaria, passei a fazer meditação dinâmica, catarses e bioenergética intensa nos momentos de crise. Para quem sofre de dor de cabeça, estas técnicas seriam uma excelente solução. Quem me dera eu ter feito elas com 9 anos, ter com quem falar, e onde expressar tudo que eu sentia. Acho que para todo mundo seria uma grande dádiva ter um local como o Namastê para se trabalhar desde a pré-adolescência. A questão é que meu problema era outro e, a cada expressão de raiva,parecia que a minha cabeça explodiria ainda mais. Não conseguia entender o porquê.
Terapia Bioenergética como tratamento
Na época, eu estava estudando o livro “Bioenergética”, do Alexander Lowen, fazendo a formação para ser terapeuta do Namastê e li que: “… a enxaqueca deriva do bloqueio do sentimento de ter desejos…Todo aquele que sofre de enxaquecas tem um problema sexual obcecante, mas sem relação com a atividade sexual em si. Conheci muitos pacientes que tinham enxaquecas com a atividade sexual normal. A dor de cabeça origina-se do bloqueio do componente erótico e terno da sexualidade. Este sentimento sobe a cabeça ao invés de descer para o aparato genital onde poderia ser enfrentado e descarregado. O terminal cefálico não tem condições de fornecer essa saída. O choro e os gritos descarregam a tensão imediata, mas não constituem a solução do problema. A capacidade de ter um orgasmo é a resposta à situação.”
Neste momento, eu tinha a resposta para o meu problema. Mas, como a maioria das pessoas faria, porque estamos num mundo cada vez mais superficial e virtual, ignorei completamente a informação, não queria saber sobre o que eu mesma falaria para qualquer cliente de Bioenergética. Eu estava iniciando uma relação e estava muito apaixonada. Admitir este bloqueio era admitir um fracasso meu em relação a minha sexualidade do momento, que era muito melhor do que anteriormente. Seria como admitir um fracasso daquele amor. E esse medo de mexer com a relação e, mais que isso, com a minha sexualidade, me apavorou, fez com que eu ignorasse a informação e ainda tivesse anos de crise. Sem contar com meu ego ferido, como assim? Eu uma terapeuta de Bioenergética sexualmente reprimida e com dificuldades em ter orgasmo? Não, vamos para medicina tradicional, pois isso deve ser fisiológico. E fui para medicina com tudo: alopática, homeopática, massagens, fisioterapia, naturopatia, acupuntura, fitoterapia, hormônios, dietas rígidas: todas diminuíam no início e uns 2 ou 3 meses depois elas retornavam. Fiquei grávida e tive férias das crises por 2 anos, período de gestação e amamentação. Foi um grande alívio. Após esse período, as enxaquecasretornaram, estavam ali novamente infernizando o meu ciclo menstrual. Eu sabia que tinha que fazer algo a respeito, até porque não dava para passar a vida toda grávida, mas algo ainda me segurava.
Consciência não é para Idiotas
Um dia, uma colega terapeuta de bioenergética chega para mim e diz: “olha, li no livro do Alexander Lowen que enxaqueca é um problema sexual”. Minha resposta imediata é “eu sei, eu li”. Nesse momento, me senti uma completa idiota, pois de fato eu sabia e não quis encarar. Todo mundo tem muito medo de encarar a sua sexualidade. Comigo não era diferente. Desde criança fui muito reprimida no que diz respeito a sexo. Qualquer ação mais espontânea, selvagem, não podia, lembro de que com quatro anos resolvi fingir ser um cachorrinho e morder as canelas dos amigos da minha avó, até hoje não me esqueço do olhar de ódio e desaprovação da minha mãe e da minha avó. Brincar sozinha com meninos não podia, quando eu tinha 11 anos, minha vó deu um escarcéu na vizinhança, pois fiquei jogando vídeo-game com o primo da minha amiga do qual rolava uma paquera. Ouvi literalmente que sexo é sujo. Tinha vergonha do meu sexo, vergonha de mostrar meu corpo, vergonha de usar esmalte e batom vermelho, para minha mãe era cor de PUTA, vergonha de usar decotes e minissaia, na adolescência, pelos 15 anos, quando usei minha mãe chorou de raiva e inveja. Sentia culpa se algum homem olhasse para mim com intensão sexual, como se eu tivesse provocado, feito algo feio.
Orgasmo X Enxaqueca
Resolvi encarar de frente esta questão. Hoje já percebi que tenho muito mais vontade de ter relações do que me vem à consciência e quanto mais ativa sexualmente, entregue para meu corpo, entregue aos meus instintos sexuais, menos crises e dores eu tenho, porque mais orgasmos acontecem. E quando nego, evito, ou tenho relações sexuais sem estar no presente, no aqui e agora, pensando o tempo todo em coisas aleatórias, ou até mesmo que eu tenho que ter prazer e me entregar, sem sentir o momento, a enxaqueca retorna. Hoje já trato pessoas com crises de enxaqueca, dando resultados incríveis. Trazendo consciência e mais prazer na vida destas pessoas.
A bioenergética me ajuda a ter mais consciência destes desejos escondidos em meu inconsciente, a soltar as tensões que bloqueiam essa entrega e contato com prazer. A enxaqueca some quando eu gozo. Ou seja, quanto mais orgasmos eu vivo, menos dor eu sinto.
Punya
