Punheta? Quem nunca?

Tempo de leitura: 6 minutos

Por Aiman

A masturbação é um passo fundamental na descoberta do próprio corpo e aprofundamento da sexualidade. São as primeiras tentativas de estímulo sexual que vão permitir que você conheça seu corpo e descubra aquilo que pode te dar prazer ou não, afinal de contas quem não treina não joga… Em todo caso, bom mesmo é transar. Pra nós homens masturbação é algo que, ao passar dos anos na adolescência, acaba fazendo parte do nosso dia-a-dia, a despeito do moralismo. Lembro bem dos meus amigos me questionando e competindo quem batia mais, entre outras coisas.

Aos poucos você vai descobrindo o que é legal ou não, e o como seu corpo se comporta com aquela energia e as primeiras sensações genitais. Volto a dizer, seria um primeiro passo para uma autodescoberta física, que em nada substitui o encontro sexual, e a troca amorosa. Quanto mais você se experimental sexualmente isso vai te obrigar a crescer e, inevitavelmente, isso irá abrir as portas do seu coração. Mas (pelo menos para nós homens) a “punheta” é algo presente desde as primeiras sensações sexuais no corpo. 

A sexualidade pobre

Crescemos estimulados em todos os níveis ao sexo (ou a uma sexualidade) superficial e pobre. Comerciais de TV, revistas, imagens na internet, direcionando nossos desejos sexuais e intensificando o uso da imagem do corpo (principalmente do corpo da mulher) como uma mercadoria. A estética e o culto ao corpo são uma epidemia que tomam conta de todos os meios de comunicação. A masturbação acaba sendo uma primeira forma de se relacionar com tudo isso. E, além disso, para os homens, uma maneira de inclusão. Não aprendemos nada da sexualidade, que não venha de tabus e preconceitos. “Quem come mais mulher”, quem bate mais punheta, quem é “o cara”…

Tudo vai rolando como se fosse um placar para apontar quem é mais homem, e ninguém abre o jogo de suas fragilidades. A estética e uma forma de sexo vulgar e desconectado de emoção, estão em toda parte. Na pornografia, nos comerciais de cerveja e carros, nas novelas e nos filmes. Pra quem cresce inseguro de si e com muito medo das mulheres, masturbar-se é uma saída fácil e rápida. É muito mais fácil trancar-se no banheiro do que enfrentar a possibilidade de rejeição de uma mulher. Daí o que começa com uma simples curiosidade e descoberta, acaba muitas vezes virando uma saída conveniente. E em alguns casos, um vício.

Não à toa o maior mercado da internet é o mercado pornográfico. Simplesmente porque existe um público cada vez maior. E isso é masturbação! Temos uma banalização do sexo ao invés de um aprofundamento… E sobre o amor, sobre uma conexão com o parceiro, só se fala nos clichês “romanticóides”. E assim continuamos ignorantes.

Quem nunca? 

Para mim, começou como uma novidade e foi até virar uma rotina. aquelas imagens, filmes que depois se gravaram na minha imaginação. Somando à isso o fato de que tudo tinha um quê de proibido, a masturbação acabou funcionando como uma válvula de escape para a repressão sexual que existia dentro de minha casa. A sexualidade não é um assunto falado dentro de casa. Todos fingiam  que não existia, era simplesmente negligenciado como proibido.

Me masturbava todos os dias e teve períodos que várias vezes ao dia. Acabou virando um vício. A pornografia me servia de estímulo sim, porém o que mais gostava era de imaginar as meninas, criava situações, histórias… Principalmente com as meninas que tinha certeza que nunca se interessariam por mim. As que mais me rejeitavam, eram as que eu mais homenageava. Era quase por raiva de me sentir rejeitado. Claro que não via, muito menos sacava que era isso que acontecia… 

Meu único objetivo era “gozar”. Mal fazia idéia de que aquilo era uma ejaculação que era simplesmente uma descarga. Que fique claro, ejaculação não é orgasmo! E o foco era ejacular para sentir o relaxamento muscular que aquilo me trazia. Assim eu conseguia aguentar meu dia-a-dia, aguentar minha solidão. Eu já conhecia meu corpo, sabia como funcionava basicamente. A questão, não era mais a “descoberta”, era o vício e as descargas. 

A depressão

Me masturbava todos os dias e essas pequenas descargas ao longo do dia, aos poucos foram me deixavam apático e inexpressivo. Toda a energia do meu corpo acabava indo pra cabeça e fui perdendo gravemente minha conexão emocional. Não sabia mais o que sentia e me sentia cada vez mais longe do meu coração. Algo tão trivial e simples tinha a capacidade de me amortecer emocionalmente.

E a solidão que a punheta traz é o ambiente prefeito para se perder na imaginação e não lidar com a realidade: que tinha muito medo de sexo e das mulheres. Todo homem tem muito medo das mulheres. Fui perdendo a vontade de transar. Meu medo de arriscar me deixou frio e insensível.

E na verdade, não me dava conta de nada disso. Só percebia que não rolava amor pra mim e minha sexualidade definhava. Transava muito pouco e as transas que aconteciam eram muito rápidas e eu já ia tenso com medo de gozar rápido. Me sentia mal, pouco homem, e a situação só piorava.

E tem jeito?

Cheguei a somatizar um cisto na base do meu cóccix, e depois de 2 cirurgias (que não resolveram), acabei indo fazer Terapia Bioenergética. Engraçado porque pareceu mágica, mas depois de um trabalho intensivo de BIO e muita expressão emocional, o cisto desapareceu.

A Bioenergética, aos pouco foi trazendo minhas questões pra fora. Nos exercícios fui vendo o quanto de medo e raiva guardava dentro de mim e a energia que estava presa na minha pelve. Foi como se tivesse aberto uma comporta de energia muito grande no meu corpo e minha sexualidade começou a borbulhar. 

Ahh, não pense que foi um mar de rosas, porque não foi. Suei MUITO, e tive que lidar com um lado reprimido e outras coisas emocionais, que foram um desafio muito grande. Fraquejei e me caguei muitas vezes, mas minha vida se abriu muito. Tive experiências sexuais que não ouso descrever aqui porque essas letrinhas não dão conta. Me iluminei? não, brother… To suando ainda… Mas puder vive muita coisa e a masturbação não tem esse peso mais na minha vida.

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