Por onde anda a sexualidade…

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Quando paro para fazer uma retrospectiva da minha vida sexual fico feliz de ver o quanto evoluí e o quanto me descobri nessa jornada. Até meus dezenove anos me considero praticamente como uma semi-virgem, não sabia e não conhecia quase nada.

Perdi minha virgindade aos 15 com meu namorado da época. Lembro de ficar me sentindo muito culpada por ter sentido prazer. Logo depois tive crises de cistites e cândidas seguidas por mais ou menos dois meses. Essa foi uma época de descoberta da minha sexualidade e do amor, mas era tudo muito limitado, a gente não sabia de nada. Para mim, transar bem era gozar, não imaginava nem que pudesse durar mais de 15, 20 minutos. Muitas vezes, na verdade, eu sentia dor e torcia para acabar logo.

Minha feminilidade também quase não existia, eu era muito pouco vaidosa. Negava completamente esse lado dizendo que era coisa de gente fútil. No fundo eu sentia que era feia, sentia que eu era menos que as outras meninas, que aquilo não era pra mim. Foi quando comecei a namorar e transar que esse lado começou a aflorar, mas ainda era muito comedido. Meu exemplo de mulher na infância, minha mãe, não transava, não se arrumava, não saía, tinha pouquíssimos amigos, quanto mais amigas mulheres. Cresci do lado de uma pessoa com pouco ou nada de prazer na vida, que não se gostava nada. Por isso sinto que quando comecei a descobrir os prazeres da vida e a me achar bonita e digna de admiração, acabava ficando doente.

Era muito difícil para mim demonstrar meu interesse pelos homens. Tinha vergonha de chegar, vergonha de sentir atração, me sentia feia, desencaixada. Por conta disso me fechava muito, ficava desatraente e não deixava ninguém chegar perto, o que só reforçava minha sensação de rejeição. Tinha algumas transas esporádicas, mas nada muito significativo. Quando eu gostava da transa ficava correndo atrás do cara desesperadamente.

O que eu sabia sobre sexo, sobre minha sensualidade, era muito pouco. Na verdade eu não sabia nada sobre minha sensualidade. Não me achava sexy e atraente. Não conseguia me imaginar dessa forma.

As coisas começaram a mudar quando comecei a fazer terapia bioenergética, quando comecei a entender as origens disso tudo. Comecei a me desvencilhar da culpa que eu sentia com minha mãe, de ela ter vivido toda minha infância como uma mulher infeliz, e a sentir mais energia no meu corpo. Isso foi o começo de eu descobrir que sexo é muito mais do que gozar e descarregar, que na verdade o sexo é um gerador de energia criativa. Quando estou transando mais eu tenho vontade de criar, cantar, desenhar, escrever, ser mais amorosa com meus amigos. Que o sexo é uma entrega a mim, um dar e receber com o outro e com a vida.

Ao longo desses três anos também fui entrando em contato com a minha sensualidade. Fui entendendo no meu corpo que eu posso sim ser mulher, sexy, sedutora, suave, forte. Que tudo isso faz parte de mim. Aprendendo a me olhar no espelho e me sentir apaixonada por mim, a gostar de quem eu sou. E tudo isso aprendi falando sobre sexo com meus parceiros, falado o que eu gostava e não gostava, me permitindo ser mais ativa na cama, soltando meus moralismos, agindo como uma puta, fazendo minhas fantasias e viagens sexuais, me permitindo sentir prazer. Entrado em situações onde eu me desafiasse a contatar com minha sensualidade, seja na música, seja fazendo uma dança sensual, um strip-tease. Coisas simples que faziam eu me sentir bonita e atraente. Aprendi que isso é essencial para uma vida sexual saudável: gostar e conhecer a mim mesma.

Então, quando me pergunto se transo bem, penso que tenho muito que descobrir ainda. Transo melhor que há três anos atrás e muito melhor que muitas mulheres da minha idade, mas sem duvida há muito mais para conhecer e experenciar.

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